Prólogo
“(...) São o livre arbítrio mal empregado e as atitudes impensadas que levam alguns a cometerem a covarde loucura do auto-extermínio, julgando ser esta a única forma de eliminarem a livrarem-se do tenebroso fantasma particular que eles próprios geraram, alimentaram e que passou a furtar sua razão de continuar vivendo.
Ledo engano. Após a prática deste ato insano e inconsequente é que o verdadeiro tormento tem inicio, pois com isso só se vai, na realidade, mudar desta dimensão da matéria para outra, intermediária á do Plano Espiritual. A vida e os problemas a ela alusivos, que constituem um drama tido como insuperável para alguns, não terminam no túmulo, a despeito do que muitos pensam. Ao contrario, transpõem-se para a vida do além-túmulo. (...)
O leitor verá nessas páginas, que por um ato impensado, não existe pior e mais rápida forma de regredir-se espiritualmente. É a ignorância sobrepujando a inteligência e desmerecendo o sopro de vida que recebemos dos lábios do Criador. Os adereços e atributos valiosos da sabedoria são totalmente ignorados e atirados, simplesmente, de forma torpe, á lama do desatino, da insensatez e na loucura.
Nessas condições não existe, absolutamente exceção alguma, todo aquele que comete o suicídio torna-se passível de uma prolongada existência em uma dimensão intermediária, existente entre o Plano Material e Espiritual, num local denominado Vale dos Suicidas, onde permanece estacionado, continuando a conviver com seu desatino pessoal, que o faz passar por um sofrimento atroz, que parece interminável, e conhecer bem de perto o mais absoluto ódio.
Naquele vale das sombras eternas vê-se obrigado a conviver com outros, que também cometeram o mesmo delito, sem luz, sem sossego, à mercê da bruma insalubre e do terror constante, numa noite infindável em que tem por companheiros inseparáveis o frio, a fome, a sede e as dores, que o fazem contorcer em um desespero contínuo, pois está fadado a reviver, de forma repetitiva e constante, o mesmo drama que culminou no ato suicida, a exemplo de uma agulha sobre um disco a repetir o mesmo refrão, sempre e sempre, sem parar.”

"No vale dos suicidas - Hevaristo Humberto de Araújo"
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