terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Dos Suicidas III

Cap. 1. A morada dos Suicidas

O suicida, assim que comete o ato que põe fim a sua vida, sente-se mergulhar num precipício em queda livre, sendo sugado, violentamente, como se fosse uma folha seca a mercê da força descomunal de um redemoinho, e segue, sem qualquer controle, levado pela fúria daquela torrente para o interior de uma espécie de túnel, que vai estreitando-se mais e mais á medida que se o adentra, tomando o formato de um longo cone, até chegar a uma bifurcação, onde tem início duas trajetórias.
O suicida, chegando a aquela bifurcação existente no túnel, já sente estar totalmente sem forças, exaurido pela luta em vão contra aquela torrente que o envolveu e o arrastou túnel adentro.
Aquele seu voo descontrolado, numa jornada bizarra pela via do desespero, chega ao fim. O túnel de vento levara a um local tenebroso e frio. Vê-se, de repetente, naquele lugar estranho, de atmosfera densa e fria, onde no ar extremamente úmido misturam-se os mais estranhos e fétidos odores, que lhe dificultam a respiração. Uma bruma densa e insalubre o envolve e ele se vê cercado de criaturas, as mais sinistras e estranhas que já vira até então, como num verdadeiro filme de terror.
A primeira tentativa é a de acordar daquele pesadelo absurdo. Agita-se, contorce-se todo, geme e grita enlouquecido por seus entres queridos, implorando por socorro, pois o sofrimento é desesperador e insuportável (...).



"No vale dos suicidas - Hevaristo Humberto de Araújo"

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